A ALM é um dos centros de referência europeus na investigação em glaucoma

António Figueiredo é coordenador do Grupo Português de Glaucoma da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia e também médico oftalmologista na Alm-Oftalmolaser. Em entrevista, explicou a incidência, causas e fatores de risco do glaucoma, assim como a investigação que se pratica em torno desta doença.

 

OftalPro: O que é o glaucoma?

António Figueiredo: O glaucoma é uma neuropatia ótica degenerativa, com alterações características quantificáveis do disco ótico, que leva a alterações progressivas e irreversíveis do campo visual.

 

A ALM na vanguarda do diagnóstico do Glaucoma ( em Lisboa e em Almada)

 

OF: Qual a sua incidência, causas e fatores de risco?

AF: O glaucoma é a primeira causa de cegueira não reversível a nível mundial, apontando os cálculos para próximo de 80 milhões de doentes a sofrer de doença. A sua incidência varia com a idade e grupos étcnicos, mas situa-se entre 1 e 2% da população. Em Portugal, estima-se que existam cerca de 150.000 doentes com glaucoma. No entanto, estudos efectuados nos EUA fazem suspeitar que existam cerca de 50% deste número de doentes não diagnosticados – ou seja, em cada três doentes apenas dois estarão detetados. A principal causa e fator de risco é a hipertensão ocular- tensão ocular elevada , não detetada e não controlada, vai conduzir com o tempo ao aparecimento da doença. Existem outros fatores de risco: a idade e a existência de familiares diretos com glaucoma (existem vários fatores geneticamente transmitidos já identificados), são os mais importantes.

 

OF: Quais as suas manifestações clínicas?

AF: À exceção do glaucoma agudo, hoje relativamente raro, as formas mais frequentes de glaucoma são completamente assintomáticas na fase inicial. Nas formas mais avançadas, começam a aparecer perturbações várias na visão; e por último, a evolução natural da doença da doença pode levar a grande restrição visual ou mesmo à cegueira. Convém lembrar que em alguns glaucomas existe desde fases iniciais ameaça à visão central, detetada no estudo dos campos visuais, e este facto constitui um risco acrescido- estes casos devem ser controlados com especial cuidado.

 

OF: Existem diferentes tipos de glaucoma? O que os distingue? Qual o mais comum?

AF: Existe, em primeiro lugar, o glaucoma agudo, consequência de risco de encerramento angular não prevenido, de início abruto, muito doloroso e grave se não houver tratamento rápido e adequado. No entanto, o glaucoma mais frequente é, de longe, o glaucoma de ângulo aberto, cuja incidência aumenta com a idade. Mas existe também o glaucoma congénito, que pode manifestar-se logo no recém-nascido, e o glaucoma juvenil, ambos bastante raros. Por último, várias doenças dos olhos ( e não só) podem complicar-se de glaucoma (glaucomas secundários); ou ser defeito secundário do uso de algum medicamento ( como os cortocóides, em indivíduos suscetíveis). Nas formas mais comuns de glaucoma, a probabilidade de ter a doença aumenta com a idade, começando a ter incidência significativa a partir dos 45-50 anos. Mas pode aparecer em qualquer idade – recordo as formas congénitas, juvenis, alguns tipos de glaucoma de ângulo estreito e os glaucomas secundários.

 

OF: É possível prevenir o glaucoma? Que cuidados a ter?

AF: Recordo duas características importantes da doença: é progressiva, isto é, tem uma natural tendência para agravamento; é irreversível, ou seja, as perdas que causa não são recuperáveis. Portanto, é fundamental a deteção precoce.  A oftalmologia possui métodos clínicos e exames complementares sofisticados que permitam detetar a doença muito antes de ela dar sintomas, prevenindo com tratamento adequado, a sua progressão. Avaliar a existência de progressão é fundamental: idealmente, um doente com glaucoma deve fazer três campos visuais iniciais nos primeiros 12 meses após diagnóstico, seguidos de exames semestrais. Este estudo funcional deve ser complementado por estudo estrutural pelo menos no diagnóstico e fases iniciais, idealmente por OCT.

Dispomos para este fim, de sistemas adequados de avaliação do campo visual, deteção e projeção de progressão; avaliação estrutural por OCT, incluindo software avançado de estudo e ritmo e perda do anel neuro-retiniano e avaliação da câmara anterior; e, quando necessário, efectuamos avaliação mais detalhada da câmara anterior, incluindo morfológica e inserção da irís corpo ciliar por biomicroscopia ultrassónica (UBM).

 

OF: Como é feito o seu diagnóstico?  Sendo, por vezes, assintomática a que sinais devemos estar atentos?

AF: O diagnóstico é feito mediante todos estes exames, mas deve começar, obviamente, pela medição da tensão ocular e paquimetria complementar. O estudo clínico adequado do perfil tensional do doente, e não apenas de valores esporádicos aleatórios, num único dia, num único momento, é fundamental. A hipertensão ocular é o principal fator de risco do glaucoma e, simultaneamento, o único que podemos tratar e que conduz ao controlo da doença- inúmeros estudos e evidência o comprovam. Como tal, é muito importante dar ao estudo das caraterísticas da tensão ocular a importância que estes factos lhe conferem, tentando, o melhor possível, avaliar picos tensionais e flutuação, preferencialmente ao longo das 24 horas. Em nossa opinião, o comportamento noturno da tensão ocular é muito importante, e poderá ser responsável pela progressão de muitos glaucomas aparentemente controlados.

Temos dedicado muita atenção a estes aspectos: já tivemos oportunidade de ensaiar um sistema de avaliação de tensão ocular em 24h mediante lente de contacto, infelizmente pouco prático em termos clínicos, até pelo seu preço. Presentemente, estamos a implementar na ALM um sistema de auto-tonometria, mediante um tonómetro portátil em que o próprio doente executa, em 24horas, várias medições.  O sistema parece prático, exequível, e temos esperança que seja útil para definir perfis tensionais completos em casos problemáticos.

A ALM investiga e trata o Glaucoma. É um centro de Referência Europeu.

 

OF: Tem cura? È possível reverter a sua evolução?

AF: Não existe, como sabemos, cura para o glaucoma, nem mesmo por cirurgia- apesar de erradamente, alguns doentes terem essa noção, que convém combater. Este conceito é perigoso, pois por vezes leva os doentes a descurarem o seguimento pós-cirúrgico, em termos de compliance e persistência nas consultas e eventual terapêutica médica complementar.

A ALM tem a equipa mais habilitada para operar e tratar o Glaucoma

 

OF: A cirurgia é sempre necessária? Que risco apresenta?

AF: A cirurgia é em geral, usada em três situações: quando os medicamentos falham no controlo da tensão ocular, quando os doentes não toleram a medicação ( alergia ou contra- indicações, por exemplo) ou quando não cumprem o tratamento e a doença continua a avançar…o que não é tão raro como possa parecer. As técnicas cirúrgicas têm risco, como quaisquer outras cirurgias. Sendo em princípio mais eficaz que os outros tratamentos, é uma técnica invasiva e mais agressiva. Este facto leva, infelizmente, à sua difícil aceitação pelo doente nos momentos adequados, o que por vezes se revela fatal em termos evolutivos da doença. No entanto, as modernas técnicas microcirúrgicas com recurso a microimplantes (os agora tão falados MIGS), são muito mais seguras e certamente o seu uso tenderá a aumentar.

Temos utilizado este microimplantes desde a sua introdução, tendo sido precursores do uso dos microimplantes trabeculares- e continuamos acompanhando a sua evolução e usando cada vez mais este dispositivos. Como em qualquer técnica, a sua indicação deverá ser restrita aos casos adequados- e este princípio geral deve aplicar-se também à cicloablação ultrassónica, que também por vezes utilizamos.

 

O Diagnóstico do Glaucoma é na ALM. Melhores equipamento e a maior experiência nas várias técnicas do Glaucoma

 

OF: O que tem sido feito em relação à divulgação da importância desta doença?

AF: Uma última palavra então para a importância da divulgação, dando conhecimento da importância da doença, infelizmente ainda pouco conhecida por muitos. O Grupo Português de Glaucoma tem realizado, desde há vários anos, amplos esforços nesse sentido. A mensagem da Semana Mundial de Glaucoma deste ano, em que foi divulgada nos meios de comunicação e em vários suportes publicitários em espaços públicos, foi: “Atenção ao ladrão silencioso da visão: se tem mais de 45 anos e nem sabe a sua tensão ocular; se tem familiares com glaucoma: proteja a sua visão. Dispomos em Portugal, felizmente, de excelentes especialistas em glaucoma e meios adequados de diagnóstico e tratamento- é preciso motivar e esclarecer os grupos de risco, de forma a a que os doentes cheguem a tempo a quem lhes pode proporcionar cuidado e seguimento adequado.

 

A ALM está na primeira linha da Investigação Científica do Glaucoma, a nível Europeu.

 

OF: Para terminar, sendo uma ” personagem” do glaucoma nacional como vê a investigação científica do glaucoma em Portugal?

AF: A investigação científica na área do glaucoma, em Portugal, teve vários interpretes de relevo e, como seu discípulo, não posso deixar de referir o nome do Prof. Luís Metzner Serra, saudoso amigo e mestre. Na actualidade, a prática clínica acompanha as diretrizes da Sociedade Europeia de Glaucoma, bem como as do Grupo Português de Glaucoma, que seguem as inovações terapêuticas e de diagnóstico clínico internacionais. Contudo, perspectivam-se  novas investigações relevantes, integrando-se a ALM como ” Clinical Site nº101 na Rede Europeia EVICR ( European Vision Institute Clinical Reserach), para a qual fui eleito como membro do Glaucoma Committee of the EVICR”, no ano passado. Admito, assim, face à realidade actual comunitária, que a pesquisa nacional virá a ter um papel significativo na investigação do glaucoma, num plano global e internacional, integrando ensaios clínicos e as diversas inovações clínicas, neste ramo da ciência oftalmológica.

 

Glaucoma e Técnicas Cirúrgicas – A ALM detém todas as inovações técnicas.